Uma nova experiência (uma recordação de infância)

Cresci numa aldeia. Pequena e pacata. Todas as manhãs me lembro desse sítio. Ou melhor, lembro-me do pão fresco que me era "servido" ao Pequeno-Almoço. Fresquissimo, saboroso, trabalhado com amor (digo eu hoje em dia). Pão esse que era entregue entre as seis e as sete da manhã de uma forma bastante peculiar. Na realidade esta entregua era realizada tendo por base um código simples mas eficaz. Quem desejava ter pão fresco logo pela manhã, deixava um saco de plástico com o dinheiro certo para a quantidade de pães apetecida pendurado por fora da porta ou portão de casa. Claro que havia sempre um diálogo prévio com o Padeiro, para que ficasse estipulado qual o tipo de pão pretendido. Mas posto isso, a entrega era feita assim. Num silêncio combinado. O Padeiro já sabia que nas portas que ostentassem um saco de plástico com dinheiro, era sinal que as pessoas queriam um ter um pequeno-almoço fofo e aconchegante. Várias vezes, devido a questões familiares que me obrigavam a levantar cedo, me cruzei com o Padeiro e os seus ajudantes na distribuição. Era um orgulho, quando isso acontecia e eu própria levava o saco já bem composto para dentro de casa. Acreditam que não me lembro de alguma vez ter desaparecido o dinheiro dos ditos sacos? Era como se aquele sistema tivesse sido de alguma forma aprovado em assembleia moral colectiva. Gosto de pensar que havia um respeito pelo pão. O pão que alimenta os homens. De facto, algumas famílias só possuiam os "tostões" para comprar aquela iguaria e pouco mais. Apesar de todas as mudanças ocorridas desde a minha infância até aos dias de hoje, algumas pessoas ainda mantêm este sistema. Na cidade, não deixo de ter pão fresco logo pela manhã, mas não há uma relação de proximidade nesta aquisição.

Talvez por isso, este fim-de-semana decidi tentar confeccionar o meu próprio pão. Comecei por uma receita simples, muito simples. O resultado não foi perfeito, mas foi bastante satisfatório. Todo o processo me lembrou as tardes em que a minha avó amassava e cozia em forno de lenha Broas de Milho.




Ingredientes
400 gr de farinha de espelta
100 gr de farinha de trigo
1 saqueta de levedura seca
1 colher de sopa de azeite
300 ml de água morna
4 colheres de sementes de sésamo




Numa taça, misturamos as farinhas e o fermento. Abrimos um buraco no meio e juntamos o azeite, a água morna e as sementes. Amassamos bem até obtermos uma massa que se liberte das paredes da taça. Se neessário acrestamos mais farinha ou água morna. Amassamos até a massa ser macia e elástica. Formamos uma bola com a massa e colocamo-la em cima de uma tábua enfarinhada e cobrimo-la com uma taça. Deixamos levedar durante 45 minutos, até a massa dobrar de volume. Ao fim desse tempo, batemos com os nós dos dedos na massa para libertarmos algum ar. Voltamos a moldar a massa numa bola e tapamos novamente com a taça durante 15 minutos. Findo esse tempo, voltamos a amassar. Rolamos a massa por cima de algumas sementes extra. Cubrimos com um pano e deixamos levedar durante 45 minutos. Pré-aquecemos o forno a 210º. Quando o forno estiver quente colocamos a massa numa forma previamente untada, na grelha do meio. No fundo do tabuleiro devemos inserir um tabuleiro com 250 ml de água fria. Deixamos cozinhar durante 30 minutos.



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